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Minha história com o HPV

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Mensagem por Android22 Dom 7 Jan - 6:37

Olá pessoal, tudo bem?

Bem, como todos aqui, eu também estou com HPV.  Como eu contraí? Bem, por uma tremenda má sorte. Eu sempre me cuidei, sabe? Sempre fui bem seletivo em relação a quais pessoas me relacionar, tenho 22 anos e fiquei com pouquíssimas pessoas até hoje (pouquíssimas mesmo!). Sempre procurei me proteger em minhas relações sexuais, sexo sem camisinha? Nem pensar. Para vocês terem uma ideia, nem sexo oral eu faço sem proteção. Mas enfim, nada disso impediu que eu contraísse o vírus.

Chega de lenga lenga, vamos ao meu relato.

Como falei acima, eu contraí o vírus por má sorte mesmo, durante uma única relação sexual em que a camisinha estourou. E antes que pensem que foi com qualquer um, não, não foi. Foi com meu namorado na época. Quando isso aconteceu [a camisinha estourou], fiquei desesperado, muito preocupado, com medo de ter contraído alguma doença, pois eu sou bem paranoico, muito ansioso com tudo e mesmo com um namorado em quem eu confiava, mil coisas passaram pela minha cabeça. Depois de eu encher muito o saco dele, fizemos exames de sangue para HIV, Sífilis, HLTV... etc. Resutados: todos negativos. E como ele não apresentava verrugas visíveis, nem passou pela minha cabeça ter contraído HPV. Então fiquei calmo. Depois de um tempo eu terminei com este fulano e a vida seguiu em frente.

Porém, depois de alguns meses, em junho de 2017 para ser mais específico, durante o banho eu percebi um pequeno carocinho na parte interna do ânus. Era único e estava muito pequeno, então imaginei que seria algo normal da região e que iria desaparecer com o tempo. Cogitei a hipótese de ser HPV, mas apenas orei para que não fosse e segui a vida (rs).

Então chegou outubro de 2017, comecei a me relacionar com uma nova pessoa, consegui um emprego novo muito bom, consegui conciliar os horários de trabalho com a faculdade, tudo estava às mil maravilhas. Até que chegaram uns dias em que eu sangrava toda vez que defecava, sangrava bem pouco a parte extena, a borda do ânus rasgava na parte posterior. Pesquisei no Google e vi que poderia ser fissura anal, um problema comum em quem tem constipação, então não me importei muito e esperei que isso fosse parar depois de uns dias, como tinha lido em relatos pesquisando no Google. Só que não passou. Em meados de outubro, durante o banho novamente, eu percebi 3 pequenas protuberâncias, ínfimas, mas dessa vez na parte externa, na borda posterior do ânus. Fiquei apreensivo e peguei o celular para tirar uma foto para ver o que era, quando olhei as imagens, meu mundo caiu. Eram as malditas verrugas. 3 bem pequenas. Eu estava sangrando ao defecar porque as malditas haviam comprometido a elasticidade região. Em desespero, lembrei do carocinho que tinha encontrado em junho, então enfiei o dedo no ânus para verificar se ele ainda estava lá e para minha surpresa ele não só estava lá, como estava maior e com mais alguns em volta. Fiquei ainda mais desesperado, sem saber o que fazer, pensei em mil coisas, me senti sujo, imundo, promíscuo, um turbilhão de sentimentos ruins. Eu não conseguia acreditar que estava com uma DST. Logo eu que sempre me protegi. Passei umas duas noites sem conseguir dormir direito, tentando achar um jeito de resolver este problema. Eu não moro na mesma cidade que meus pais e familiares por conta da faculdade, estava sofrendo angustiado sozinho.

Meu poder aquisitivo não é muito alto e eu também não tenho plano de saúde. Pesquisando no Google, vi muitas soluções caseiras, desde vinagre de maçã até água sanitária. Não testei nenhuma. Pensei em comprar a pomada Wartec mas li que ela não poderia ser aplicada na parte interna, então desisti. Pensei em ir num proctologista particular, mas percebi que não ia caber no meu orçamento (Depois de minhas pesquisas na internet eu já sabia que teria que fazer a cirurgia para remover as verrugas internas, e a cirurgia, apesar de simples, não é barata).

Uma semana depois de ter encontrado as verrugas externas, decidi recorrer ao SUS. Mas qual unidade procurar? Um hospital? Uma UPA? Um posto de saúde?
Eu tenho um amigo de infância no qual eu confio, este está graduando em enfermagem, então desabafei com ele e contei toda minha situação. Ele me aconselhou a procurar um CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) aqui na cidade. Ele me explicou que estes centros são especializados em todo tipo de DST e lá o tratamento é gratuito.
Eu moro numa cidade de porte médio do interior da Bahia, mas para minha sorte tem um CTA aqui. Me dirigi à este CTA no dia 23 de outubro de 2017, de manhã cedinho, morrendo de vergonha, com medo de alguém conhecido me ver entrando lá. Chegando lá, peguei uma senha, e como era minha primeira vez , tive que assistir uma palestra com um psicólogo onde ele só repetiu tudo que eu já sabia sobre prevenção à DSTs.

Depois da palestra fui enfim atendido, passei pela triagem e na conversa que tive com uma enfermeira, relatei minha situação. Ela me encaminhou para um Urologista de lá mesmo e a consulta foi marcada para 2 dias depois. Ah, no mesmo dia 23 eu também fiz a coleta de sangue lá no CTA para que fossem feitos testes para ver se eu não estava com nenhuma outra DST.

Os dois dias se passaram e eu fui para o urologista lá no CTA, novamente me sentido sujo, imundo e promíscuo e morrendo de medo de alguém conhecido me ver entrando naquele lugar. Na consulta, no início, foi tudo muito constrangedor para mim. Foi a primeira vez que eu tive que ficar pelado na frente de um médico e de uma enfermeira. Mas eles agiram tão naturalmente que eu acebei ficando calmo também. Feita a análise clínica da região, o urologista confirmou o que eu já sabia, eu estava mesmo com HPV. No próprio consultório ele cauterizou as verrugas externas aplicando anestesia local, como eram bem pequenas, nem doeu nada. Mas sobre as internas ele falou que teriam que ser retiradas em centro cirúrgico.

Eu já sabia que teria que passar por isso tudo, mas quando o médico falou, a ficha meio que caiu, sabe? Bateu aquela depressão, aquela tristeza, arrependimento, remorso, pensamentos do tipo "eu não precisava estar passando por isso", fiquei perguntando porque Deus permitiu que isso acontecesse comigo, eu não sou uma pessoa ruim, eu não tenho comportamentos de risco, muitas pessoas estão aí transando sem camisinha com meio mundo e não contraem nada...

O urologista me passou as requisições para os exames pré operatórios e eu fui pra casa triste, muito triste. No caminho, tomei a decisão de contar pro meu atual namorado sobre o que estava acontecendo comigo, eu esperava que ele fosse terminar comigo, mas mesmo assim decidi contar. Eu não poderia ser injusto com ele.

Pois bem, contei. Para minha surpresa, ele ficou do meu lado e me tranquilizou bastante! Me ajudou a retirar várias paranoias que eu tinha na cabeça e eu insisti para que ele também fosse ao CTA fazer uns exames, vai que eu já tinha contaminado o menino sem saber? Ele foi e felizmente não foi diagnosticado com nada.
20 dias depois da minha primeira ida ao CTA peguei os resultados dos exames para outras DSTs e graças a Deus foram todos negativos, eu estava morrendo de medo de ter contraído também o HIV de alguma forma.

Mas continuando meu relato, fiz os exames pré operatórios na rede particular para agilizar o processo, não foram muito caros, todos deram pouco mais de 100 reais numa clínica particular aqui da cidade. Retornei ao urologista do CTA com os resultados, ele avaliou, viu que estava tudo normal e me deu uma requisição para uma consulta pré anestésica. Também fiz essa consulta na rede particular. A consulta foi bastante esclarecedora para mim, foi com uma anestesista super carismática e ela me tranquilizou muito sobre a cirurgia, ela me explicou que não era um procedimento invasivo, que era rápido e me tirou mais algumas dúvidas. A anestesia que ficou decidida para eu tomar foi a Raqui.

Voltei ao urologista do CTA com o laudo da anestesista. O urologista me deu a requisição da cirurgia e para minha surpresa ela seria realizada num hospital particular da cidade que possui convenio com o SUS. Por isso, para o procedimento poder ser realizado, tive que ir na secretaria de saúde da cidade com os papéis da cirurgia e o cartão do SUS para pegar uma autorização. Fui lá morrendo de vergonha, percebi que quando a recepcionista leu do que se tratava a cirurgia me olhou com uma cara de pena, fiquei meio cabisbaixo mas eu já tava bem próximo de resolver meu problema.

Peguei a tal autorização e retornei ao urologista no CTA com os papéis. Fui fazer a cirurgia no dia 20 de dezembro de 2017.

Já adianto que a cirurgia é bem tranquila, viu pessoal?

Cheguei no hospital para internação por volta das 7 da manhã e fiquei lá sozinho em jejum, somente tomando soro, até às 17h quando foi realizada a cirurgia.
Para quem nunca entrou num centro cirúrgico, como era o meu caso, o ambiente parece meio assustador. Mas o procedimento foi bem tranquilo.
Quando fui levado à sala da cirurgia as enfermeiras conversavam comigo o tempo inteiro, me tranquilizando.

Bem, quando fui colocado naquela mesa com as luzes em cima, as enfermeiras fixaram no meu peito aqueles eletrodos para monitorar os batimentos cardíacos e um anestesista veio para aplicar a raqui. Mas antes da raqui ele me aplicou um sedativo que me deixou meio sonolento, mas não apaguei como muitos aqui relatam. Fiquei acordado durante todo o procedimento. Depois desse sedativo, as enfermeiras me seguraram sentado na mesa e a raqui foi aplicada em minhas costas. Não doeu. Senti 3 pequenas picadinhas, mas nada que incomodasse. Graças a Deus.
Passados uns 5 minutos eu já não sentia nada do umbigo para baixo (Sim, a raqui te deixa paraplégico por algumas horas, mas só por algumas horas mesmo, até o efeito passar). É uma sensação um pouco estranha...
Depois disso a cirurgia começou e não demorou nem 15 minutos, foi muito rápido mesmo!  E não senti nenhum tipo de incômodo.

Voltei para o quarto do hospital e de madrugada o efeito da raqui havia passado completamente. Foi aí que comecei a sentir um pouco de dor, uma ardência na parte interna do ânus, mas até aí perfeitamente suportável.

Fui liberado do hospital na manhã do dia seguinte a internação e saí de lá como se nada tivesse acontecido. O urologista me passou um antibiótico para ser tomado durante 5 dias, uma pomada para aplicação local e um analgésico (Paracetamol 500mg) para dor. Ele também me recomentou tomar a vacina tetravalente contra o HPV (que é um pouco cara, nas clínicas aqui na cidade está por volta de 490 reais a dose, e são 3 doses). Também recebi um atestado de 4 dias para me ausentar do trabalho. No atestado não foi citado nada sobre a minha doença, apenas um código.

Saí do hospital, passei na farmácia, comprei meus remédios e fui pra casa.

Em casa, na hora de defecar pela primeira vez depois da cirurgia eu gelei! Li muitos relatos de dor intensa aqui e fiquei com medo de passar por isso também, mas comigo foi diferente. Não senti muita dor na primeira vez, tive um pequeno sangramento, mas a dor foi bem suportável e passou rápido. Foi assim no dia seguinte também.

Mas meus amigos, no terceiro dia depois da cirurgia, quando eu fui defecar senti a pior dor que já senti em minha vida! E a dor não passou e perdurou a noite inteira até a madrugada. Tomei o paracetamol e não fez efeito nenhum. Foi horrível.
A dor intensa faz a gente refletir sobre a vida, repensar tudo.
Do terceiro dia até mais ou menos o sétimo depois da cirurgia eu sentia essa mesma dor terrível durante e depois de defecar. Mas tive que aguentar. Foi necessário. Eu também sangrava, mas não era muito. (Acho que começou a doer assim depois de 3 dias porque os ferimentos começaram a fechar e sempre que as fezes passavam eles eram abertos novamente, e isso fazia sangrar e doer... eu acho que era isso).

Uma semana e meia depois da cirurgia eu já não sentia quase dor nenhuma. Hoje, 7 de janeiro de 2017, fazem exatamente 18 dias que fiz a cirurgia e já não sinto dor nenhuma, sangramento zero também, mas a região continua bem sensível. Sinto que se  passar fezes duras vai sangrar e doer kkk mas estou cuidado da alimentação e bebendo bastante água para evitar isso.

Na próxima terça feira, dia 9, vou tomar a primeira dose da vacina contra o HPV também. Espero que ela me ajude a combater esse vírus. Não vejo a hora de ficar curado disso.


Tenho retorno marcado com o urologista para a terceira semana deste mês, espero não ter nenhuma recidiva. Vou atualizar a postagem aqui assim que eu for lá.

Me desculpem o textão, mas eu sinto que descrevendo com detalhes minha história, muita gente vai se identificar e se sentir menos sozinho, assim como eu me identifiquei com a história de outros de vocês aqui.

E a dica que eu dou para você que acabou de descobrir que está com HPV e está lendo isso aqui é: não deixe de se tratar, evite soluções caseiras e procure um médico, pois a melhor forma de alcançar a cura definitiva dessa doença é com o tratamento adequado e somente um médico vai poder dizer o que é melhor para você depois de te avaliar. Se você não tem dinheiro, recorra ao SUS como eu fiz, pode demorar mais que na rede particular, mas você vai conseguir seu tratamento. Se em sua cidade não tiver CTA, vá a um posto de saúde.

E não desista nunca! Eu estou bem otimista. Isso faz bem.


Por favor não deixem de responder a este tópico, espero fazer amigos aqui.

Android22
Convidado


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Minha história com o HPV Empty Te entendo

Mensagem por Lex12345679 Qui 1 Mar - 21:42

Me identifiquei com absolutamente tudo que vc passou. Fico feliz que no final tenha dado tudo certo

Lex12345679
Convidado


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